segunda-feira, 19 de maio de 2008

Tem noites

Tem noites que as lágrimas não escorrem
Concorrem com o grito choroso da madrugada
Onde nada parece quebrar o silêncio
Quebramos copos em nossos corpos ainda com vida
Bebendo o néctar da solidão como saliva
Encontrando a saída sem nem ter chegado a algum lugar
Se escondendo em lugares onde não há saída
Ao léu, junto ao véu-verbo "perder-se"
Cujo encontrar-se é o destino da vida
Via sem volta
Olhos fechados
Olhar para dentro
Lembrar do esquecimento
Esquecer das lágrimas que secaram fronte ao sol recém-nascido
Lágrimas que não cairam ao luar desfalecido
Lágrimas compostas de água, sal e saliva
De mágoa, mal e vida
Lagrimar: verbo-véu singelo usado em pequenas doses
Para diminuir grandes dores
Proveniente de amores de outrora
Existe hora errada para amar?
Amar: verbo atemporal fruto de tempestades e calmarias
Pretérito imperfeito, assim como seu presente e seu destino
No futuro, ainda o terei presente, passado pela peneira do tempo e levado,
Assim, como se fosse poeira pelo vento
Levado para o lugar mais longe que existe:
Para dentro...


André Bonfim e Freddy Costa





Poesia para lembrar das poesias que vivemos...