sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Pra não dizer que não falei quem somos

Sabe, acordei de madrugada (se é que eu dormi) e me perguntei o que somos. Quanto a isso, nada de diferente, passo o dia a viver para a noite pensar o que é a vida. Sei que não sou o único, seria pretensioso demais afirmar que somente eu esqueço que viver é bem melhor do que saber para que viver. E o que é viver? Essa pergunta também não é inédita, assim como sua resposta nunca é satisfatória. Pode não ser pra você, mas viver é a eterna busca pela realização dos nossos sonhos e, quando paramos de buscá-los, voltamos a sonhar, para ter o que buscar.
Será que somos tristeza? Será que somos alegria? Será que somos desejo? Simples e pura fantasia? Sabe, às vezes somos nada, às vezes tudo, às vezes um pouco de cada... Às vezes somos algo que somente às vezes somos, mas, sem saber, somos sempre a mesma coisa. Então somos eternamente iguais? Nem eternos, nem iguais, quem sabe, nem somos... Talvez sejamos aquilo que temos que ser para realizar nossos sonhos, as modificações necessárias para a conquista do que desejamos. Sendo assim, somos um ímã que atrái somente o que nos convém, integrando o adquirido ao nosso ser. Por isso, somos seres tão paradoxais, tão complexos, tão fingidos, tão interessantes.

Existe algo que deixei passar, de fundamental importância para entendermo-nos: antes de adquirirmos algo, necessariamente teríamos que ser algo, que se chama essência. Ela é como um filtro, que determina aquilo que temos de sugar para complementá-la, baseando-se em critérios que correspondem a ela mesma. Portanto, é a nossa essência que traça o caminho para a conquista do que somos, ela determina o que sonhamos, o que queremos, o que devemos. Ah! O que é a essência? Ela bate acelerada no meu peito, me faz agir de um modo inesperado, me faz amar o que não devo, me faz pensar no que somos, me faz até escrever textos sobre aquilo que não faço a menor idéia do que seja, mas que, mesmo assim, me faz ser aquilo que quero ser: meus sonhos...

domingo, 13 de janeiro de 2008

Sobre o vermelho

Nesses últimos dias que pude viver
Descobri coisas que não sabia,
Verdades que desconhecia
E hoje temo pelo meu viver.

A angústia é um sentimento extremamente complexo.
É olhar uma foto e não tocar a imagem em sua existência concreta,
Sentido-a mesmo não cravando as unhas e dentes.
Descobri que frustração é ser um poeta inativo.
É guardar para si as expressões de sentimentos tão genéricos quanto singulares.
É respirar mais profundamente e excretar o infinito,
Exalando o mais puro e derradeiro vestígio de vida.

O vermelho que me inunda é o mesmo que me escorre pelo corpo
Como larva que corrói a superfície inofensiva em seu caminho
Meu vermelho é dor
É tristeza
É saudade...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Para Villa-Lobos


-“De onde vem a música?” – pergunta o então menino Heitor.
-“A música vem da alma do artista!” – responde com doçura sua doce tia.
Conduzido por uma pipa segue o menino a sonhar, a escutar o que os ouvidos corroídos dos homens não mais conseguem ouvir. Sim! A música vem da alma do artista, mas não nasce nela. O artista, guiado por seu sentido mais delicado, sentido esse imaculado das doenças do mundo, repassa o que a natureza o sopra e o que seu peito exala, num fluxo ausente de coerência, mas radiante de pureza. Música é o acasalamento entre a alma do artista e o que está fora dele, mas tudo de certa maneira o pertence. O mundo está contido em sua alma, assim como sua existência pertence ao mundo, às coisas e às pessoas...